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domingo, 18 de maio de 2014

Mais visibilidade, mais educação

Mais visibilidade, mais educação

17 de Maio é o Dia Internacional Contra a Homofobia e Transfobia.
Nos Açores esta data foi marcada, pela terceira vez, pela Associação LGBT Pride Azores. Desta vez coube à cidade Património Mundial de ser a anfitriã, depois de em passados anos a Horta, Faial e São Roque do Pico terem sido os locais do evento de sensabilização para com assuntos LGBT (Lésbica, Gay, Bissexual, Transgenero).

O evento em Angra do Heroismo começou com um "cordão humano" na Praça Velha onde participantes deram as mãos em solidariedade para com todas e todos os indivíduos que sofrem devido à sua orientação sexual. Em 2013 a associação recebeu contato de 52 pessoas que foram vítimas de atos homofóbicos, e nos primeiros 4 meses deste ano já recebeu comunicação de 17 açorian@s. Hoje em dia, as pessoas já começam a ter coragem de denunciar a alguém que estes crimes acontecem. Infelizmente ainda ninguém foi jurado num Tribunal de Justiça regional por um crime de homofobia - os casos são sempre suspensos, ou as vitimas desistem no processo.




Quando entraram na Câmara Municipal de Angra do Heroismo, participantes encontraram nas cadeiras do Salão Nobre, flores com mensagens. Estas flores foram uma participação no Nucleo de Iniciativas de Prevencão e Combate à Violência Doméstica. Depois de lerem as mensagens, o Presidente da Pride Azores, Terry Costa, deu as boas vindas e durante o evento foi lendo mensagens que açorianos e açorianas tinham mandado à associação. A Psicóloga Rita Ferreira da UMAR Açores leu a mensagem distribuida este ano pela Pride Azores, "Palavras que o vento não leva", um resumo da tese de Catarina Rodrigues, assim incentivando um diálogo sobre educação.

O Comandante da PSP de Angra Alfredo Rodrigues, o Advogado Jurista Luis Rafael do Carmo, o Presidente da Juventude Socialista Açores Guido Teles e o Presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroismo Alamo Menezes todos contribuiram com sua palavras de apoio à causa. Momento histórico para a Pride Azores quando o Presidente Alamo Menezes disse em público "as portas desta casa estão abertas para colaboração com Pride Azores, não só neste evento mas o ano inteiro".




A conversa da falta de materiais nas escolas para educar sobre assuntos de homossexualidade e homofobia terminou o evento, onde se encontravam vários professores das escolas de Angra, entre outras pessoas que vieram pela curiosidade no assunto e apoio à diversidade.

Mais visibilidade, mais educação é o lema deste ano, e assim Pride Azores continua o movimento pelos municipios dos Açores incentivando seus cidadãos e cidadãs a viver naturalmente perante a sociedade, "não é necessário esconder a nossa orientação sexual" termina Terry Costa.

A associação lança novamente o desafio aos municipios, para que em 2015 este evento seja marcado com o apoio de uma nova Câmara da região. Continuar a trabalhar com Angra do Heroismo, especialmente depois das grandes palavras do seu Presidente Alamo Menezes, agora também entra nos planos da Pride Azores.

O próximo evento público da associação LGBT Pride Azores é o Festival Pride Azores, que inclui a Marcha, no dia 30 de agosto na cidade de Ponta Delgada. www.prideazores.com

Mais fotos do evento no facebook da Pride Azores e também na página da CMAngra

Noticia na dezanove.pt

Diàrio Insular, 20 maio 2014

Palavras que o vento não leva, por Catarina Rodrigues

Palavras que o vento não leva

Respeito, Tolerância, Igualdade, Inclusão, são palavras que ouvimos constantemente, quer pela comunicação social, quer no nosso dia a dia, nos mais diversos contextos. Assistimos à adoção em massa de um discurso que hoje é tido como socialmente correto no que diz respeito a questões como a orientação sexual. No entanto, é necessário analisar e desconstruir esse discurso de forma a tentar compreender se o mesmo corresponde à apropriação do conceito que ele próprio encerra, isto é, a consciência para práticas que têm em conta a diversidade. 

De acordo com os resultados da investigação de carater qualitativo que pretendeu aceder à compreensão dos discursos e da ação de professores, a lecionar na ilha de São Miguel, em relação à homossexualidade, e que deu origem à dissertação de Mestrado Discursos sobre homossexualidade numa comunidade educativa: perspetivas de professores (Rodrigues, 2012), apresentada na Universidade dos Açores, ainda existem muitos constrangimentos em relação à homossexualidade, embora muitas vezes camuflados por um discurso socialmente polido. De um modo geral, encontraram-se professores que conseguem identificar preconceitos, estereótipos e situações de discriminação devido à orientação sexual, tanto na sociedade como na escola. No entanto, eles próprios têm enraizado o modelo heterossexual da sexualidade, de que fazem uso, tanto na vida pessoal como na prática profissional. 

Na escola, é a partir da ideia de heterossexualidade que os conteúdos são elaborados e que os discursos são produzidos. Perguntar a um rapaz "Já tens namorada?" e a uma rapariga "Já tens namorado?", ignorando outras possibilidades de relação afetiva, é algo que está tão interiorizado e mecanizado como "a ordem natural das coisas", que parece não admitir outras formas de sexualidade. No referido estudo, apenas uma professora evidenciou a utilização de um discurso abrangente, justificando para tal as diversas formações que teve sobre sexualidade e afetos, as quais lhe despertaram para a importância da utilização de um discurso respeitador da diferença.

Ainda de acordo com os resultados desta investigação, a referência à homossexualidade como forma de insulto entre alunos parece ser uma prática tão comum que, na generalidade, não é considerada uma forma de agressão. Comentários como "maricas", "zabela" ou "paneleiro" fazem parte do dia a dia escolar e são muitas vezes ignorados pela comunidade educativa. De facto, parece existir uma grande lacuna na formação dos professores no que se refere à sexualidade e, especificamente, à homossexualidade. Estes profissionais, que deveriam ser os principais agentes de mediação e combate de práticas discriminatórias dentro da escola, pela afirmação ou pelo silenciamento vão legitimando determinadas práticas sexuais e reprimindo outras, e assim exercendo uma pedagogia da sexualidade, muitas vezes sem terem disso consciência. 

Toda esta problemática ganha particular relevância quando falamos de adolescentes, pois para além das profundas alterações que vivenciam a nível físico e nos domínios cognitivo, psicológico, afetivo e relacional, têm a complexa tarefa de conciliar todas essas transformações com a exigências sociais e esperanças pessoais de formar um autoconceito coerente, isto é, uma identidade. E se a escola nega ou ignora outras formas de sexualidade que não a heterossexualidade, está a oferecer poucas oportunidades para que os adolescentes e jovens assumam, sem culpa ou vergonha, a sua orientação sexual. 

Então, se queremos realmente uma sociedade mais justa, podemos começar por alterar os discursos. A discriminação não se manifesta apenas por atitudes violentas e homofóbicas, vindo, muitas vezes, dissimulada em discursos que se dizem "tolerantes". 

Citando o escritor Vergílio Ferreira, "Há no homem o dom perverso da banalização. Estamos condenados a pensar com palavras, a sentir com palavras, se queremos pelo menos que os outros sintam connosco. Mas as palavras são pedras”. E, infelizmente, não são levadas pelo vento. Pelo contrário, vão deixando marcas nas histórias pessoais e moldando quem as ouve. 

A escola, como espaço que propõe educar e propiciar recursos para a evolução intelectual, social e cultural do homem, tem o dever de formar gerações mais informadas e sem preconceitos. Mas todos nós, enquanto sociedade, também temos um papel. Não somos só o produto, também somos produtores da sociedade em que vivemos.
Na equação do respeito pela diversidade, as únicas variáveis somos nós. Não deixemos que esta seja uma tarefa para "os outros", pois "os outros" dos outros, somos nós.    

- Catarina Rodrigues

quinta-feira, 8 de maio de 2014

17 de Maio 2014 na ilha Terceira

Associação LGBT Pride Azores promove um evento de ação pública na ilha Terceira com o apoio da Câmara Municial de Angra do Heroísmo.


sábado 17 de Maio 2014
Dia Internacional contra a Homofobia, Bifobia, Transfobia
18h00
encontro na entrada da Câmara Municipal de Angra do Heroismo, Terceira

Está previsto a realização de um "cordão humano", na praça em frente às portas da Câmara, em que os participantes dão as mãos em nome de todos os seres humanos que sofrem devido à sua orientação sexual. O programa continua no Salão Nobre da Câmara Municipal de Angra do Heroismo para uma conversa tertúlia sobre o assunto, incluindo testemunhos para que continuamos a combater as fobias na nossa sociedade através de educação e visibilidade do ser.
"Todas as pessoas são bem vindas, não interessa a orientação sexual, interessa a luta para uma sociedade mais justa de respeito para com todos os seres humanos," diz Terry Costa, presidente da Pride Azores, "Educação é muito importante e hoje em dia só através de visibilidade é que chegamos lá, por isso este evento é realizado anualmente de portas abertas num local público."

O Dia Internacional contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia é marcado em 17 de maio. A data foi escolhida lembrando da exclusão da Homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 17 de maio de 1990, oficialmente declarada em 1992. Um pouco por todo o mundo faz-se neste dia incluindo actividades a sensibilizar as pessoas no assunto.

Este é o terceiro ano que a Pride Azores marca o dia 17 de maio, depois da Horta, Faial e São Roque do Pico a associação agradece o apoio da Câmara Municipal de Angra do Heroismo para que o evento se manifeste na ilha Terceira.

foto por Maria Beatriz garcia; modelo Sofia Montenegro; 
obrigado pelo cartaz Ruben.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

DESENHE o cartaz 17 de Maio

O desafio é criar algo único para o cartaz do próximo evento público da Associação LGBT Pride Azores.

O cartaz/design deve ser de tamanho A3 e o único texto ser:

"17 de Maio
Dia Internacional Contra a Homofobia, Bifobia, Transfobia
18h Entrada da Câmara Municipal de Angra do Heroismo"

Esperamos os vossos designs até o dia 1 de Março 2014 via mail prideazores@gmail.com 

A associação vai escolher o cartaz mais interessante para os objetivos do evento a realizar nos Açores, e tem o direito de pedir algumas modificações se for necessário.

Para qualificar ao prémio, designers tem que viver numa das ilhas dos Açores e ser maior de 16 anos de idade.

O vencedor vai receber uma viagem para outra ilha (de não residência) ao Azores Fringe Festival, o festival de artes internacional www.azoresfringe.com a acontecer no mês de Junho.

Se tens algumas perguntas não exites de comunicar através do email prideazores@gmail.com 
www.prideazores.com

Diário Insular, 11 de Março 2014

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Apoiar todas as famílias portuguesas

Apoiar famílias é atribuir os mesmos direitos humanos a todas as famílias.
Aguardamos o que os deputados e deputadas da nossas Assembleia da República vão decidir nestes dias.
Para mais informações sobre família visite http://familias.ilga-portugal.pt/


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Interpride

Pride Azores faz parte da rede internacional INTERPRIDE, associação mundial de organizadores de festivais e eventos "Pride".
Este Outubro a conferência internacional aconteceu na cidade de Montreal, Canadá.
Terry Costa participou neste encontro de networking, completo com workshops educativas de temas variados desde assuntos sociais, administração de eventos, apresentação de casos interessantes de várias regiões do mundo, dicas de organização de "Pride", e claro palestras e conversas sobre os direitos
humanos.
Participaram mais de 200 pessoas, que apenas representa cerca de 10% das organizações "Pride" no planeta, mas que os seus eventos em conjunto já alcançam mais de 13 milhões de pessoas.
Festival Pride Azores pode alcançar directamente apenas umas centenas mas quando trabalhamos juntos os números aumentam consideravelmente... fazemos parte deste movimento global que de pessoa a pessoa conseguimos ultrapassar barreiras e ganhar direitos para todos os seres humanos.
Foto:  Região 14, Interpride, onde Portugal faz parte, representação incluía Andrea Maccaronne (Roma Pride), Juan-Carlos Alonso Reguero (Mado Madrid Orgullo) e Terry Costa (Pride Azores).

Durante a conferência, Terry Costa apresentou Pride Azores aos líderes e claro não ficou surpreso quando mais de 90% dos presentes não tinham a mínima ideia onde os Açores ficavam no mundo. Assim a sua presença neste evento mundial não só enriqueceu e educou o participante mas também promoveu os Açores a representantes de dezenas de países.

Terry Costa pretende desafiar todos e todas as organizações e indivíduos a liderar Marchas de Orgulho, eventos "Pride", em Portugal, a se juntarem pelo menos uma vez por ano para partilhar informação e apoiar uns aos outros no nosso país.


O grande evento mundial "Worldpride" foi outro tópico apresentado em grande durante a conferência. Os próximos eventos Worldpride vão acontecer na cidade de Toronto em 2014 e depois será a vez de Madrid em 2017.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Educar, Libertar, Celebrar - FAZ PARTE DA DIREÇÃO

Queres fazer parte da direção da Associação LGBT Pride Azores, ou liderar/ajudar a realizar alguma ação no arquipélago dos Açores?
Para os objetivos e atividades da associação visite aqui.

Se vives nos Açores e queres fazer a diferença sendo parte da direção da Pride Azores por favor manda uma mensagem para prideazores@gmail.com mostrando o teu interesse. Inclui nome, endereço, ID, NIF e adiciona o teu CV/Currículo (se for possível) ou escreve uma mensagem do que desejas desenvolver em nome da associação. Se tens alguma dúvida basta perguntar via email ou facebook.

Os interesses são aceites durante o ano inteiro, mas para fazer parte da nova direção em 2014 as vossas informações tem que chegar antes de 31 de dezembro 2013.

Educar, Libertar, Celebrar - Pride Azores

domingo, 1 de setembro de 2013

Mensagem da Madrinha da Marcha 2013, Clarisse Canha

II Marcha Pride Açores “Não desapareças da paisagem”

É preciso juntar forças e movimentos contra as opressões e as desigualdades que produzem efeito e impacto na vida social e económica, na vida privada e na intimidade e na forma como nos vimos...
            Cada dia do Festival Pride Azores 2013, no qual pudemos participar, foi uma oportunidade de captar e aprender algo novo, no mundo LGBT, e da diversidade humana.
            Oportunidade de refletir, neste poço de contradições que constituem as práticas de discriminação e as mentalidades  baseadas em preconceitos que retiram liberdade e bem estar nas vivências individuais e coletivas, nomeadamente no campo das sexualidades.
            Quem, nos Açores e noutros cantos do mundo, conhece e vive estas realidades, consegue perceber quanto é importante o direito das pessoas viverem bem, sendo elas próprias, felizes consigo e com as outras pessoas: a família, amigos e amigas e a sociedade em geral
            No início do Festival, alguém[1] falava de “uma crescente onda de aceitação, tolerância e respeito pelos direitos da comunidade LGBT”. De facto podemos afirmar que o movimento LGBT” tem vindo a crescer também nos Açores. O Festival, a Marcha e a associação Pride Açores tem vindo a contribuir decisivamente para este avanço.
            Neste movimento fala-se de orgulho[2]: o orgulho que significa não ter mêdo, não ter medo do que se é, não ter medo de quem nos discrimina. Não ter mêdo nem receio de quem nos possa humilhar, nos desprezar ou desvalorizar - por sermos mulheres, sermos gays, ser lesbicas, vestirmo-nos ou falarmos desta ou daquela maneira. Não ter mêdo, seja qual for nossa origem cultural, país ou região, seja qual for a cor da nossa pele.
            Vale a pena lembrar Luter King que este há 50 anos  lançou um grito, numa frase hoje conhecida e reconhecida: eu tenho um sonho! Ousar sonhar é um valor humano e direito de cada pessoa!
            -Mas afinal donde vem as discriminações?
Enfrentar as discriminações sem nos machucar, passa também por refletir as suas causas e dar-lhes combate
Nesse sentido é importante o trabalho de educação desenvolvido por diferentes organizações.
Nesse sentido tem particular importância o trabalho e a existência da Pride Azores como associação de referência, LGBT, no campo da igualdade. É uma associação que merece o nosso respeito e apoio.
Usando as palavras de alguém[3] no decorrer do Festival, podemos dizer que  a Pride Azores é uma associação de referencia para “as pessoas LGBT mas também todas as pessoas que trabalham dia a dia para viver num mundo mais respeitoso, livre e inclusivo”.
No decorrer do Festival também se falou do patriarcado - sistema que utiliza a sexualidade como poder, estruturado-se numa base de hierarquia do masculino heterosexual, de dominação sobre as mulheres e sobre as pessoas que não sejam heterosexuais. Esse sistema, patriarcal, deixou marcas e perdura ainda na sociedade capitalista atual.

Antes de finalizar

Gostaria de partilhar um episódio decorrido há alguns anos atrás no meu ativismo femisnista nos Açores.
Um dia, num encontro com temas gerais, falei sobre o problema da discriminação sobre as mulheres existente na sociedade, na vida pública e na vida privada, incluindo a violência doméstica...
No final do encontro alguem veio ter comigo e disse me que “quanto menos se falasse sobre o assunto melhor” e que com o tempo esses problemas iam passar. Foi uma conversa que me apanhou de surpresa, então e registei na memória, prosseguindo, é claro, do lado da denúncia das discriminações.

Passados vários anos sobre esse episódio, a vida demostrou que a denúncia sobre a dismiminação feminina foi uma componente impulsionadora da promoção da igualdade, neste caso a igualdade de género ou seja a igualdade de direitos e oportunidades entre mulheres e homens.

No que diz respeito à discriminação em função da orientação sexual, no que diz respeito à homofobia, parece haver ainda muitas pessoas que hoje, também consideram que não se deve falar do assunto...
mas a verdade é que a denúncia desta discriminação, como as outras discriminações é um importante meio de a combater, neste caso combatendo a homofobia nas atitudes e mentalidades.

Por fim dizer que

Esta marcha este festival pride azores, que é também um momento de celebração, constitui mais um passo, aqui, nos Açores, pelo fim das violências e das discriminações incluindo a homofobia
Neste movimento estamos a reconhecer  a igualdade e os direitos humanos para todos e todas incluindo os direitos LGBT.

Clarisse Canha


31 de Agosto de 2013



 




[1]    Pedro Câmara
[2]    Como tão bem explica Terry Costa
[3]    Natália Bautista

Mensagem da Diretora Regional, Dra Natércia Gaspar

Mensagem da Diretora Regional de Solidariedade Natércia Gaspar na Marcha de Orgulho LGBTS a 31 de agosto 2013 em Ponta Delgada.



"Caros amigos e Caras amigas
Em nome do Sr. Presidente do Governo Regional dos Açores, permitam que saúde de forma particular cada uma das pessoas presentes e que participaram neste exercício de cidadania que é a marcha de orgulho LGBT.

Saúdo também a Pride Azores na pessoa do Terry Costa, pelo dinamismo, pela capacidade de mobilização de pessoas e entidades que juntas e de forma totalmente voluntária organizaram uma semana de atividades diversas que contribuíram para o debate dos direitos inquestionáveis tendentes à afirmação das pessoas LGBT.

É por isso que com muita honra que o Governo dos Açores se associa a esta iniciativa que contribui para que os Açores se afirme cada vez mais como uma região inclusiva e humanista.

A marcha de orgulho LGBT acontece, coincidentemente, no dia em que se assinala o dia Dia Internacional da Solidariedade, instituído pelas nações unidas em 2000 para fortalecer os ideais de solidariedade entre as nações e os povos mas também entre os indivíduos que vivenciam situações difíceis, sejam elas quais forem.
E não tenhamos duvidas que em razão da sua orientação sexual, apesar da evolução das leis ainda persiste a descriminação, a homofobia, e muitos cidadãos e cidadãs LGBT, nos Açores ainda vivenciam situações de violência e assédio nas suas vidas, para muitos jovens, o bullying e a exclusão social são experiências diárias que deixam marcas de sofrimento profunda e com consequências cujos custos pessoais, familiares, sociais e até económicos são demasiado elevados.

Ser solidário é a atitude que melhor expressa o respeito, a defesa, a afirmação dos direitos humanos…da dignidade humana.
É a luta por estes princípios que se impõem como paradigma de valores subjacente ao funcionamento das sociedades saudáveis, democráticas, desenvolvidas que nos congrega aqui hoje, sejamos nós LGBT ou simpatizantes!
Poderia falar da Declaração dos Direitos Humanos, mas numa altura em que a nossa constituição e os direitos ali consagrados estão a ser sistematicamente postos em causa pelo Governo da República importa evocar o artigo 13º da mãe de todas as Leis no nosso país,  que consagra o princípio da Igualdade, quando diz:
“1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.”
Ao longo da História tem sido frequentes os momentos em que a mentalidade dominante não se adequa de imediato aos princípios estabelecidos pelo poder da lei, vai antes por arrastamento da pressão socialmente manifestada em iniciativas como estas, que concorde-se ou não, são necessárias para mudar mentalidades.
São inúmeros os casos que se podem citar. Limito-me contudo a um, cuja efeméride se assinalou há 3 dias, no passado dia 28 de agosto:
Há 50 anos, nos EUA, passado um século sobre a abolição legal da escravatura, milhares de pessoas de raça negra tiveram a necessidade de vir para as ruas, lutar por direitos civis que continuavam a não ter. E pessoas de raça branca juntaram-se a elas. Fizeram-no de forma pacífica, cívica, dando forma a um evento que simboliza o sonho por uma sociedade mais justa.
Foi nesse dia que Martin Luther King, partilhou o seu sonho com o mundo, no qual referia os direitos inalienáveis à “Vida, à Liberdade e à busca de Felicidade”.
Já foi feito um longo percurso. Já tem força de lei um conjunto significativo de direitos que visam eliminar as discriminações. Já há muitas e muito boas práticas a registar.
Mas não tenhamos a ilusão de acreditar que está quase tudo feito. Não pensemos sequer que o mais difícil está feito.
Com muita humildade, e respeito por todas as opiniões, permitam que recorde que é violação dos direitos humanos quando as pessoas são descriminadas por palavras às vezes até somente por olhares, é violação dos direitos humanos quando os nossos jovens são agredidos nas nossas escolas porque não estão em conformidade com as normas culturais sobre como homens e mulheres devem olhar ou se comportar, é uma violação dos direitos humanos quando as pessoas são vítimas de agressão pela sua orientação sexual, é uma violação dos direitos humanos quando não criamos condições para que os nossos jovens descubram e convivam livremente com a descoberta da sua identidade sexual, quando não criamos condições para que os nossos concidadãos LGBT vivam os direitos inalienáveis à “Vida, à Liberdade e à busca de Felicidade”.
E não estamos a falar de nenhuma realidade longínqua, estamos a falar do que acontece nos Açores!

Convido-vos a um exercício, a cada um pensar como se sentiria se a sociedade dominante questionasse o fato de eu amar quem amo, ou as formas como manifesto em público, esse amor, ou até mesmo como eu me sentiria se me sentisse descriminado por algo em mim que eu não posso mudar?

Meus amigos esse sentimento é o que sentem todos os dias muitas pessoas que são nossos amigos, familiares, vizinhos, alunos, colegas, pessoas de todas as idades, raças ou crenças, pessoas que exercem todas as profissões …

Citando a Dra. Natalia Bautista “O processo de construção da identidade, da nossa orientação sexual é um processo individual, mas depende muito do contexto familiar, social e cultural e é aí onde entra a nossa responsabilidade enquanto sociedade de lutar para que ser LGBT seja aceite de igual forma do que a heterossexualidade.”

É este o desafio que se coloca a todos, trabalhar para abraçar a tolerância e o respeito pela dignidade de todas as pessoas, humildemente acolhermos aqueles com quem discordamos, na expectativa de gerar uma maior compreensão entre todos e agir em conformidade.
Cabe a cada cidadão e a cada cidadã atuar nesse sentido, cumprindo o respeito pela diversidade, exigindo o exercício efetivo da igualdade de oportunidades para todas as pessoas.
A vós e a todos os ativistas, defensores dos direitos humanos e dos direitos civis, que lutam em prol de uma sociedade mais justa e mais coesa na sua diversidade, é pedido que NÃO DESAPAREÇAM NA PAISAGEM, até que cada pessoa tenha espaço para ser feliz no respeito integral por si próprio e pela felicidade dos demais.
Às pessoas que ao longo desta semana participaram no FESTIVAL PRIDE AZORES 2013, ou que se uniram das mais diversas formas nesta causa de apelo à aceitação e respeito pelos direitos das pessoas LGBT, creio que a sociedade deve agradecer o vosso testemunho de cidadania, a vossa determinação, a vossa coragem, o vosso civismo, o vosso respeito pela diferença dos que não são uma minoria.
As cores do arco do arco-íris já simbolizaram a Esperança, a Paz, a Aliança, a União e têm simbolizado o orgulho gay. Mas podem igualmente simbolizar a sociedade na sua multiplicidade, na riqueza da sua diversidade. Afinal, a beleza do arco-íris não se encontra em cada cor por si, mas na harmonia do seu conjunto. 
Por isso hetero ou homo…NÃO DESAPAREÇAM NA PAISAGEM e passo a passo continuemos esta luta pela afirmação dos direitos das pessoas LGBT.
Ponta Delgada, 31 de Agosto