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domingo, 1 de setembro de 2013

Mensagem da Madrinha da Marcha 2013, Clarisse Canha

II Marcha Pride Açores “Não desapareças da paisagem”

É preciso juntar forças e movimentos contra as opressões e as desigualdades que produzem efeito e impacto na vida social e económica, na vida privada e na intimidade e na forma como nos vimos...
            Cada dia do Festival Pride Azores 2013, no qual pudemos participar, foi uma oportunidade de captar e aprender algo novo, no mundo LGBT, e da diversidade humana.
            Oportunidade de refletir, neste poço de contradições que constituem as práticas de discriminação e as mentalidades  baseadas em preconceitos que retiram liberdade e bem estar nas vivências individuais e coletivas, nomeadamente no campo das sexualidades.
            Quem, nos Açores e noutros cantos do mundo, conhece e vive estas realidades, consegue perceber quanto é importante o direito das pessoas viverem bem, sendo elas próprias, felizes consigo e com as outras pessoas: a família, amigos e amigas e a sociedade em geral
            No início do Festival, alguém[1] falava de “uma crescente onda de aceitação, tolerância e respeito pelos direitos da comunidade LGBT”. De facto podemos afirmar que o movimento LGBT” tem vindo a crescer também nos Açores. O Festival, a Marcha e a associação Pride Açores tem vindo a contribuir decisivamente para este avanço.
            Neste movimento fala-se de orgulho[2]: o orgulho que significa não ter mêdo, não ter medo do que se é, não ter medo de quem nos discrimina. Não ter mêdo nem receio de quem nos possa humilhar, nos desprezar ou desvalorizar - por sermos mulheres, sermos gays, ser lesbicas, vestirmo-nos ou falarmos desta ou daquela maneira. Não ter mêdo, seja qual for nossa origem cultural, país ou região, seja qual for a cor da nossa pele.
            Vale a pena lembrar Luter King que este há 50 anos  lançou um grito, numa frase hoje conhecida e reconhecida: eu tenho um sonho! Ousar sonhar é um valor humano e direito de cada pessoa!
            -Mas afinal donde vem as discriminações?
Enfrentar as discriminações sem nos machucar, passa também por refletir as suas causas e dar-lhes combate
Nesse sentido é importante o trabalho de educação desenvolvido por diferentes organizações.
Nesse sentido tem particular importância o trabalho e a existência da Pride Azores como associação de referência, LGBT, no campo da igualdade. É uma associação que merece o nosso respeito e apoio.
Usando as palavras de alguém[3] no decorrer do Festival, podemos dizer que  a Pride Azores é uma associação de referencia para “as pessoas LGBT mas também todas as pessoas que trabalham dia a dia para viver num mundo mais respeitoso, livre e inclusivo”.
No decorrer do Festival também se falou do patriarcado - sistema que utiliza a sexualidade como poder, estruturado-se numa base de hierarquia do masculino heterosexual, de dominação sobre as mulheres e sobre as pessoas que não sejam heterosexuais. Esse sistema, patriarcal, deixou marcas e perdura ainda na sociedade capitalista atual.

Antes de finalizar

Gostaria de partilhar um episódio decorrido há alguns anos atrás no meu ativismo femisnista nos Açores.
Um dia, num encontro com temas gerais, falei sobre o problema da discriminação sobre as mulheres existente na sociedade, na vida pública e na vida privada, incluindo a violência doméstica...
No final do encontro alguem veio ter comigo e disse me que “quanto menos se falasse sobre o assunto melhor” e que com o tempo esses problemas iam passar. Foi uma conversa que me apanhou de surpresa, então e registei na memória, prosseguindo, é claro, do lado da denúncia das discriminações.

Passados vários anos sobre esse episódio, a vida demostrou que a denúncia sobre a dismiminação feminina foi uma componente impulsionadora da promoção da igualdade, neste caso a igualdade de género ou seja a igualdade de direitos e oportunidades entre mulheres e homens.

No que diz respeito à discriminação em função da orientação sexual, no que diz respeito à homofobia, parece haver ainda muitas pessoas que hoje, também consideram que não se deve falar do assunto...
mas a verdade é que a denúncia desta discriminação, como as outras discriminações é um importante meio de a combater, neste caso combatendo a homofobia nas atitudes e mentalidades.

Por fim dizer que

Esta marcha este festival pride azores, que é também um momento de celebração, constitui mais um passo, aqui, nos Açores, pelo fim das violências e das discriminações incluindo a homofobia
Neste movimento estamos a reconhecer  a igualdade e os direitos humanos para todos e todas incluindo os direitos LGBT.

Clarisse Canha


31 de Agosto de 2013



 




[1]    Pedro Câmara
[2]    Como tão bem explica Terry Costa
[3]    Natália Bautista

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