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domingo, 18 de maio de 2014

Mais visibilidade, mais educação

Mais visibilidade, mais educação

17 de Maio é o Dia Internacional Contra a Homofobia e Transfobia.
Nos Açores esta data foi marcada, pela terceira vez, pela Associação LGBT Pride Azores. Desta vez coube à cidade Património Mundial de ser a anfitriã, depois de em passados anos a Horta, Faial e São Roque do Pico terem sido os locais do evento de sensabilização para com assuntos LGBT (Lésbica, Gay, Bissexual, Transgenero).

O evento em Angra do Heroismo começou com um "cordão humano" na Praça Velha onde participantes deram as mãos em solidariedade para com todas e todos os indivíduos que sofrem devido à sua orientação sexual. Em 2013 a associação recebeu contato de 52 pessoas que foram vítimas de atos homofóbicos, e nos primeiros 4 meses deste ano já recebeu comunicação de 17 açorian@s. Hoje em dia, as pessoas já começam a ter coragem de denunciar a alguém que estes crimes acontecem. Infelizmente ainda ninguém foi jurado num Tribunal de Justiça regional por um crime de homofobia - os casos são sempre suspensos, ou as vitimas desistem no processo.




Quando entraram na Câmara Municipal de Angra do Heroismo, participantes encontraram nas cadeiras do Salão Nobre, flores com mensagens. Estas flores foram uma participação no Nucleo de Iniciativas de Prevencão e Combate à Violência Doméstica. Depois de lerem as mensagens, o Presidente da Pride Azores, Terry Costa, deu as boas vindas e durante o evento foi lendo mensagens que açorianos e açorianas tinham mandado à associação. A Psicóloga Rita Ferreira da UMAR Açores leu a mensagem distribuida este ano pela Pride Azores, "Palavras que o vento não leva", um resumo da tese de Catarina Rodrigues, assim incentivando um diálogo sobre educação.

O Comandante da PSP de Angra Alfredo Rodrigues, o Advogado Jurista Luis Rafael do Carmo, o Presidente da Juventude Socialista Açores Guido Teles e o Presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroismo Alamo Menezes todos contribuiram com sua palavras de apoio à causa. Momento histórico para a Pride Azores quando o Presidente Alamo Menezes disse em público "as portas desta casa estão abertas para colaboração com Pride Azores, não só neste evento mas o ano inteiro".




A conversa da falta de materiais nas escolas para educar sobre assuntos de homossexualidade e homofobia terminou o evento, onde se encontravam vários professores das escolas de Angra, entre outras pessoas que vieram pela curiosidade no assunto e apoio à diversidade.

Mais visibilidade, mais educação é o lema deste ano, e assim Pride Azores continua o movimento pelos municipios dos Açores incentivando seus cidadãos e cidadãs a viver naturalmente perante a sociedade, "não é necessário esconder a nossa orientação sexual" termina Terry Costa.

A associação lança novamente o desafio aos municipios, para que em 2015 este evento seja marcado com o apoio de uma nova Câmara da região. Continuar a trabalhar com Angra do Heroismo, especialmente depois das grandes palavras do seu Presidente Alamo Menezes, agora também entra nos planos da Pride Azores.

O próximo evento público da associação LGBT Pride Azores é o Festival Pride Azores, que inclui a Marcha, no dia 30 de agosto na cidade de Ponta Delgada. www.prideazores.com

Mais fotos do evento no facebook da Pride Azores e também na página da CMAngra

Noticia na dezanove.pt

Diàrio Insular, 20 maio 2014

Palavras que o vento não leva, por Catarina Rodrigues

Palavras que o vento não leva

Respeito, Tolerância, Igualdade, Inclusão, são palavras que ouvimos constantemente, quer pela comunicação social, quer no nosso dia a dia, nos mais diversos contextos. Assistimos à adoção em massa de um discurso que hoje é tido como socialmente correto no que diz respeito a questões como a orientação sexual. No entanto, é necessário analisar e desconstruir esse discurso de forma a tentar compreender se o mesmo corresponde à apropriação do conceito que ele próprio encerra, isto é, a consciência para práticas que têm em conta a diversidade. 

De acordo com os resultados da investigação de carater qualitativo que pretendeu aceder à compreensão dos discursos e da ação de professores, a lecionar na ilha de São Miguel, em relação à homossexualidade, e que deu origem à dissertação de Mestrado Discursos sobre homossexualidade numa comunidade educativa: perspetivas de professores (Rodrigues, 2012), apresentada na Universidade dos Açores, ainda existem muitos constrangimentos em relação à homossexualidade, embora muitas vezes camuflados por um discurso socialmente polido. De um modo geral, encontraram-se professores que conseguem identificar preconceitos, estereótipos e situações de discriminação devido à orientação sexual, tanto na sociedade como na escola. No entanto, eles próprios têm enraizado o modelo heterossexual da sexualidade, de que fazem uso, tanto na vida pessoal como na prática profissional. 

Na escola, é a partir da ideia de heterossexualidade que os conteúdos são elaborados e que os discursos são produzidos. Perguntar a um rapaz "Já tens namorada?" e a uma rapariga "Já tens namorado?", ignorando outras possibilidades de relação afetiva, é algo que está tão interiorizado e mecanizado como "a ordem natural das coisas", que parece não admitir outras formas de sexualidade. No referido estudo, apenas uma professora evidenciou a utilização de um discurso abrangente, justificando para tal as diversas formações que teve sobre sexualidade e afetos, as quais lhe despertaram para a importância da utilização de um discurso respeitador da diferença.

Ainda de acordo com os resultados desta investigação, a referência à homossexualidade como forma de insulto entre alunos parece ser uma prática tão comum que, na generalidade, não é considerada uma forma de agressão. Comentários como "maricas", "zabela" ou "paneleiro" fazem parte do dia a dia escolar e são muitas vezes ignorados pela comunidade educativa. De facto, parece existir uma grande lacuna na formação dos professores no que se refere à sexualidade e, especificamente, à homossexualidade. Estes profissionais, que deveriam ser os principais agentes de mediação e combate de práticas discriminatórias dentro da escola, pela afirmação ou pelo silenciamento vão legitimando determinadas práticas sexuais e reprimindo outras, e assim exercendo uma pedagogia da sexualidade, muitas vezes sem terem disso consciência. 

Toda esta problemática ganha particular relevância quando falamos de adolescentes, pois para além das profundas alterações que vivenciam a nível físico e nos domínios cognitivo, psicológico, afetivo e relacional, têm a complexa tarefa de conciliar todas essas transformações com a exigências sociais e esperanças pessoais de formar um autoconceito coerente, isto é, uma identidade. E se a escola nega ou ignora outras formas de sexualidade que não a heterossexualidade, está a oferecer poucas oportunidades para que os adolescentes e jovens assumam, sem culpa ou vergonha, a sua orientação sexual. 

Então, se queremos realmente uma sociedade mais justa, podemos começar por alterar os discursos. A discriminação não se manifesta apenas por atitudes violentas e homofóbicas, vindo, muitas vezes, dissimulada em discursos que se dizem "tolerantes". 

Citando o escritor Vergílio Ferreira, "Há no homem o dom perverso da banalização. Estamos condenados a pensar com palavras, a sentir com palavras, se queremos pelo menos que os outros sintam connosco. Mas as palavras são pedras”. E, infelizmente, não são levadas pelo vento. Pelo contrário, vão deixando marcas nas histórias pessoais e moldando quem as ouve. 

A escola, como espaço que propõe educar e propiciar recursos para a evolução intelectual, social e cultural do homem, tem o dever de formar gerações mais informadas e sem preconceitos. Mas todos nós, enquanto sociedade, também temos um papel. Não somos só o produto, também somos produtores da sociedade em que vivemos.
Na equação do respeito pela diversidade, as únicas variáveis somos nós. Não deixemos que esta seja uma tarefa para "os outros", pois "os outros" dos outros, somos nós.    

- Catarina Rodrigues

quinta-feira, 8 de maio de 2014

17 de Maio 2014 na ilha Terceira

Associação LGBT Pride Azores promove um evento de ação pública na ilha Terceira com o apoio da Câmara Municial de Angra do Heroísmo.


sábado 17 de Maio 2014
Dia Internacional contra a Homofobia, Bifobia, Transfobia
18h00
encontro na entrada da Câmara Municipal de Angra do Heroismo, Terceira

Está previsto a realização de um "cordão humano", na praça em frente às portas da Câmara, em que os participantes dão as mãos em nome de todos os seres humanos que sofrem devido à sua orientação sexual. O programa continua no Salão Nobre da Câmara Municipal de Angra do Heroismo para uma conversa tertúlia sobre o assunto, incluindo testemunhos para que continuamos a combater as fobias na nossa sociedade através de educação e visibilidade do ser.
"Todas as pessoas são bem vindas, não interessa a orientação sexual, interessa a luta para uma sociedade mais justa de respeito para com todos os seres humanos," diz Terry Costa, presidente da Pride Azores, "Educação é muito importante e hoje em dia só através de visibilidade é que chegamos lá, por isso este evento é realizado anualmente de portas abertas num local público."

O Dia Internacional contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia é marcado em 17 de maio. A data foi escolhida lembrando da exclusão da Homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 17 de maio de 1990, oficialmente declarada em 1992. Um pouco por todo o mundo faz-se neste dia incluindo actividades a sensibilizar as pessoas no assunto.

Este é o terceiro ano que a Pride Azores marca o dia 17 de maio, depois da Horta, Faial e São Roque do Pico a associação agradece o apoio da Câmara Municipal de Angra do Heroismo para que o evento se manifeste na ilha Terceira.

foto por Maria Beatriz garcia; modelo Sofia Montenegro; 
obrigado pelo cartaz Ruben.