Parlamento dos Açores saúda luta pelos Direitos Humanos da marcha LGBT de Ponta Delgada
Horta,
11 set (Lusa) - O parlamento dos Açores aprovou hoje um voto de
saudação à marcha LGBT que decorreu a 30 de agosto em Ponta Delgada,
sublinhando
que esta é uma "questão de Direitos Humanos".
O
voto foi proposto pelo Bloco de Esquerda e votado favoravelmente por
todos os partidos à exceção do PSD, que se absteve, o que originou
algumas críticas.
A
marcha LGBT, organizada pela associação Pride Azores, procurou "retirar
os açorianos e as açorianas gay, lésbicas, bissexuais e transexuais da
invisibilidade", lê-se no texto aprovado
pelo plenário.
"O
preconceito e a discriminação existem, nos seus mais diversos graus, só
ocultados pela invisibilidade social das suas vítimas, pelo que
qualquer manifestação é, também, um meio
de combater ambos. Por isso, a desvalorização da importância da
referida visibilidade é, também ela, uma forma de cumplicidade com o
preconceito e a descriminação", acrescenta.
A
terceira edição da marcha LGBT dos Açores mobilizou pouco mais de dez
pessoas, menos do que nos anos anteriores, o que a organização atribuiu a
"pressões" para um regresso "ao armário"
na região, depois da visibilidade que as primeiras manifestações deram à
causa.
"Qualquer
iniciativa, tenha dez pessoas, tenha duas pessoas, tenha 20 ou 15,
qualquer iniciativa que promova uma discussão aberta, desempoeirada e
que permita e garanta uma evolução
da nossa sociedade e de mentalidades na nossa sociedade será sempre
positiva e para a qual os agentes do sistema política devem contribuir",
disse o deputado Berto Messias, líder da bancada do PS, que tem maioria
absoluta no parlamento açoriano.
O PS sublinhou a importância de qualquer combate à descriminação e a "qualquer tipo de perseguição".
O PSD foi a única bancada que não votou a favor do texto, optando pela abstenção.
"Os
deputados do PSD respeitam, por princípio, a liberdade de os cidadãos
se manifestarem sobre as suas opções de vida e orientação, mas se em
cada momento formos a saudar uma manifestação,
sobre o tipo de organização e sobre o tipo de orientação, o parlamento
está aqui a tomar uma posição", justificou o deputado social-democrata
António Ventura.
Zuraida
Soares, do BE, considerou que "não é possível um cidadão de pleno
direito, sobretudo com responsabilidades políticas, abster-se no combate
pelos direitos humanos e um mundo
onde a não descriminação seja a palavra de ordem".
"Não há abstenção para um responsável político quando a luta pelos Direitos Humanos está em causa", sublinhou.
Ainda
durante esta manhã, o plenário açoriano chumbou um voto de protesto,
apresentado pelo PSD, por causa do cancelamento de uma ligação de um
barco de passageiros à Graciosa na semana
passada.
O
PSD defendeu que não havia motivos de ordem atmosférica para esse
cancelamento, mas PS, BE, CDS-PP e PCP sublinharam que essa é uma
decisão técnica, que cabe apenas ao comandante
do navio, e votaram contra.
MP // JLG
Lusa/Fim
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