Uma intervenção sobre a associação LGBT Pride Azores com dados de comunicação e apoio realizado no último ano foram apresentados pelo presidente Terry Costa. A Dra Natalia Garcia do Centro de Terapia Familiar apresentou "Amar a si próprio", uma palestra que incentivou uma conversa com algumas testemunhas no tema "Ser LGBT nos Açores", que incluiu a participação da jovem Sofia, Vitor Oliveira, um jovem que já contribuiu para a Pride Azores através da sua arte de bodypainting, a artista Teresa Gentil que vai atuar este sábado à noite, o ativista Jorge da Costa e a grande vedeta de outros tempos Chica de São Roque que também estava presente para falar sobre bissexualidade e travestismo.
Foi uma noite recheada de conversa, educação e encontro de LGBT e simpatizantes da região.
Excertos da intervenção da Dra Natalia Bautista Garcia, Centro de Terapia Familiar:
"... Amar-nos a nós próprios é uma difícil tarefa para todos/as nós, uma luta diária para alcançarmos um estado de felicidade. Amar-nos a nós próprios/as é antes de tudo a aceitação incondicional e completa de todos os nossos aspectos.
Amar o nosso corpo tal qual é, sem força-lo a ajustar-se a um modelo
que nos impuseram, cuida-lo e respeita-lo por dentro e por fora.
Amar e aceitar as nossas emoções, pois todas elas têm uma função positiva na nossa
vida.
Amar a nossa alma, a nossa parte espiritual.
Este amar-nos a nós próprios
é uma luta diária individual, mas o certo é que o nosso contexto, a comunidade e família pode ajudar-nos a que esta seja uma luta mais fácil ou mais difícil.
Todos/as nós seja qual for a nossa orientação sexual precisamos de validação - validação é “sentirmo-nos valiosos” sentir que somos
importantes, respeitados e valorizados.
(...)
Como a validação vem de
fora, há uma parte da nossa auto-estima que depende da nossa sensação de ser
valioso/a, ou seja depende da imagem que os outros nos devolvem de nós próprios,
(os outros como espelho) e essa imagem vê-se comprometida se não recebemos uma
boa imagem do exterior.
(...)
A aceitação é fazer as pazes
connosco próprios e não querer ou desejar ser outra pessoa.
No geral todos nós passamos
por um processo de aceitação da nossa identidade, seja pela nossa raça, orientação
sexual, género, nacionalidade (...)
Mas para uma pessoa LGBT,
a dificuldade vem do facto de que desde a sua infância estão a ouvir mensagens discriminatórias
em relação à homossexualidade ou outras orientações que não a hetero. Com
conceitos associados a características negativas…a nomes feios: “maricas” “bichas”
“rabeta” "fufas” "travecas”…por isso é difícil aceitar que somos uma coisa que é
tão denegrida pelos outros.
Os/as que não conseguem
aceitar a sua orientação ou o facto de que esta seja publica acabam por viver “no
armário” a esconder quem são dos outros e de si próprios/as.
Quando um LGBT vai à
terapia porque a sua orientação sexual está a mexer com o seu bem-estar, o
problema não é a orientação sexual, o problema é a dificuldade em aceitar-se,
em amar-se a si próprio/a, por isso a terapia deverá sempre ir na direcção de lhes dar as ferramentas que precisam para uma sã identificação que lhe permita ser
inteiramente feliz.
A chave para chegar a
esta aceitação está no AMOR, O AMOR PRÓPRIO, vem de interiorizar que ser LGBT não
é um castigo e sim uma prenda da vida, da natureza!
O processo de construção da identidade, da
nossa orientação sexual é um processo individual, mas como o resto dos
processos dentro da construção da nossa identidade depende muito do nosso
contexto familiar, social e cultural e é aí onde entra a nossa
responsabilidade enquanto sociedade de lutar para que ser LGBT seja aceite de
igual forma do que a heterossexualidade.
É por este motivo que eventos como este, no
qual se inclui a Marcha do sábado fazem sentido!"
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